Sempre fui um grande fã dos desenhos da Pixar, por aliarem diversão da melhor qualidade a uma fina crítica de nossa sociedade. Já discuti alguns destes filmes em outras colunas: em Ratatouille, o foco das críticas são os preconceitos e a extratificação de nossa sociedade em incluídos e excluídos. Em Carros, discute-se a busca ensandecida pelo sucesso, o individualismo e o egocentrismo.
Só quem vive as agruras do mundo corporativo, trabalha em uma empresa com metas absurdas, chefes grosseiros, colegas ciumentos e pressão por resultados consegue entender plenamente e se divertir de verdade com o filme Monstros S/A.
Durante muito tempo, a Monstros S/A, fornecedora de energia para o mundo dos monstros, usou como matéria-prima os gritos de medo das crianças.
As duplas de trabalho, compostas por um auxiliar e um monstro assustador, precisam cumprir as altas metas de produção de gritos, entrando no máximo de quartos de crianças a cada noite. O problema é que o mundo mudou: as crianças assistem a filmes de terror, jogam videogames assustadores e em muitos desenhos os monstros são os heróis, não os vilões.
Se o mundo mudou, a empresa não percebeu: James Sullivan e Mike Wazowski formam uma equipe de trabalho competente, mas o ambiente da empresa reflete exatamente as nossas empresas do mundo real: hierarquia complexa, metas altas, controles rígidos, colegas invejosos, brigas disfarçadas e um método de trabalho ultrapassado e pouco eficiente, que não atende mais as necessidades dos clientes.
Após muitas aventuras e diversão, Sullivan e Mike descobrem que o riso das crianças produz muito mais energia do que os gritos. E sob a direção de Sullivan, uma nova era começa na empresa: um novo processo produtivo (os monstros divertem as crianças ao invés de assustá-las), produtividade em alta, novos talentos descobertos e novos métodos de incentivo.
Neste momento, você deve estar pensando: e o que o filme tem a ver com minha carreira?
Você sente que a forma como faz seu trabalho já não é mais eficiente? Que precisa aterrorizar as pessoas para conseguir algum resultado? Ou será que você é que se sente aterrorizado pelo trabalho que faz? Percebe que os clientes de sua empresa desejam novos produtos e novas formas de atendimento, mas que ninguém na empresa, nem mesmo seus chefes sabem exatamente como mudar? Ou seja, que você e sua empresa estão presas a um paradigma que não está mais adequado à realidade do mercado?
Se você se sente assim (e posso dizer que a grande maioria das pessoas se sente assim), está na hora de mudar.
Vamos fazer uma conta: passamos pelo menos 8 horas por dia no trabalho. Se contarmos o tempo de deslocamento entre a casa e o trabalho, podemos somar mais umas duas horas a esta conta. Se além de trabalhar, você também estuda, são mais quatro horas por dia dedicadas a vida profissional. Cinco dias por semana, 11 meses por ano, por pelo menos 35 anos de sua vida.
Ou seja, se você não está feliz no seu trabalho, dificilmente será feliz na sua vida, pois é muito difícil separar vida profissional e vida pessoal. Então, repense sua forma de trabalho, revise seus valores, veja se o que faz profissionalmente está alinhado com aquilo que acredita e o que deseja para sua vida. E se perceber que os valores de sua empresa não estão alinhados aos seus valores, voce tem duas opções: ou muda a empresa, ou sai de sua zona de conforto e mude de empresa.
Sullivan escolhe a primeira opção: aos descobrir que existe uma forma mais eficiente de produzir resultados, enfrenta os colegas invejosos, o chefe inescrupuloso e reinventa a empresa, alçando-a novos patamares de produtividade, motivação e comprometimento por parte dos funcionários.
Faça como Sullivan e reinvente-se. Ou você quer realmente passar todo o resto de sua vida fazendo coisas aterrorizantes? Será que não está na hora de rir da vida (e para a vida)?
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