Como recrutar, selecionar e motivar o jovem da geração Y é uma questão que tem sido muito discutida pelos profissionais de Recursos humanos das empresas.
Com amplo domínio da tecnologia e alta capacidade de inovação, os jovens da geração Y têm pressa em construir a carreira, mas também buscam equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Não querem ter a empresa como único foco, e podem abandonar um dia de trabalho apenas para assistir a um show ou cuidar de alguém da família. Alegres e descontraídos, não se importam com hierarquia. Gostam de trabalhar com pessoas com as quais se identificam, acreditam no trabalho em equipe e no poder compartilhado e coletivo. Não é que sejam insubordinados: a verdade é que não se adaptam a regras rígidas.
Para discutir um assunto tão atual e importante, a Mesa Redonda Geração Y e o Mercado de Trabalho, realizada no mês de março de 2010 na Universidade Cidade de São Paulo, contou com a presença de dois representantes da Geração Y: Vitor Brunoro, da Revista Você S/A e Francisco Albuquerque, da Consultoria B.O.S.S.; e dois representantes da área de RH: Marcelo Gonçalves, diretor de Operação e RH da Terco Grant Thornton, auditoria e consultoria e Eline Kullock, do Grupo Foco. O debate foi mediado pela jornalista Rosana Tanus, editora de livros da Revista Você S/A
Um grupo tão heterogêneo só poderia render uma boa discussão: as expectativas e anseios da geração Y, representada por Vitor e Francisco, foram confrontadas com a realidade organizacional das empresas, representadas por Marcelo e Eline.
Na opinião de Vitor, nem todas as empresas estão preparadas para receber o jovem profissional: nas empresas mais tradicionais, o plano de carreira segue um padrão de crescimento hierárquico, engessado, que se contrapõe às expectativas de reconhecimento e ascensão profissional da geração Y. Por outro lado, novas empresas, em especial aquelas ligadas à internet, como o Google, proporcionam um ambiente instigante, que possibilita o trabalho sério e responsável, mas sem a formalidade que marcas as empresas tradicionais.
Na opinião de Francisco Albuquerque, mesmo que o jovem da geração Y busque crescimento acelerado, o planejamento de carreira continua sendo uma ferramenta importantíssima para o profissional. O que falta, na visão de Francisco, é um alinhamento das ferramentas de motivação e gestão de carreira oferecidas pelas empresas com os objetivos traçados pelos jovens talentos.
Ambos os representantes da geração Y que participaram da mesa redonda concordam que não é o tamanho da empresa que determina se ela está preparada para receber esta geração conectada e ansiosa. Na visão deles, algumas áreas profissionais, como a publicidade, comunicação, marketing são mais abertas a mudanças e volume mais rapidamente que as demais áreas.
Eline Kullock, experiente profissional da área de Recursos Humanos, discorda desta visão: a velocidade e as mudanças são realmente importantes e mais acentuadas em algumas áreas, mas as organizações não mudam de um dia para o outro. Toda e qualquer mudança cultural cria atritos e momentos de ruptura, e não há como as empresas mudarem completamente de um dia para o outro, somente para acomodar os anseios e desejos da nova geração de funcionários.
Para Marcelo Gonçalves, cada uma das gerações transforma a companhia. Quanto menos tradicionalista e engessada for a cultura da empresa, mais fácil será a adaptação das estruturas organizacionais à esta nova geração.
Um ponto em que tanto os representantes da Geração Y quanto os profissionais de Recursos Humanos concordam é que deve se evitar a generalização: nem todos os jovens apresentam as características de ansiedade, ambição e mesmo a cultura tecnológica que marcam a geração Y. Classe social, ambiente familiar, escola e cultura encontrada nas empresas no qual o jovem desenvolveu suas primeiras experiências profissionais influenciam de forma acentuada as a personalidade dos jovens profissionais.
Segundo Eline Kulock, essa geração é mais rápida, mas por ter crescido com muita atenção e proteção por parte dos pais, encontra dificuldades em perceber as próprias fraquezas, o que ao longo da carreira pode ser negativo. Marcelo Gonçalves destaca que treinamento e desenvolvimento continuam a ser necessários, mas a obrigação de não é apenas da empresa: o profissional também deve investir na busca por novos conhecimentos e competências.
Não há como negar que a chegada da geração Y ás empresas, em especial em cargos de liderança, tem causado impacto na hierarquia e na cultura empresarial. Estudar, analisar e entender esta geração é fundamental para que as empresas possam não apenas acolhê-la, mas também explorar toda a capacidade e potencialidade destes jovens.
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