De acordo com especialistas, os candidatos devem fugir do marketing pessoal vazio e apostar em sacadas criativas para conquistar o recrutador
São Paulo - Por muito tempo, junto com um currículo bem feito, a carta de apresentação servia como uma espécie de fórmula secreta para convencer recrutadores de que um candidato merecia a chance de seguir para as outras fases do processo de seleção. Mas, os tempos mudaram e, hoje, poucas empresas exigem este documento. Isso não significa, contudo, que a estratégia perdeu de todo o seu valor. Se elaborada de maneira instigante, ela ainda pode pesar como o voto de minerva para que você continue na batalha pelo cargo.
Dos candidatos que se inscrevem para os processos de seleção oferecidos pela empresa de recrutamento Asap, apenas 1% enviam cartas de apresentação. "Um currículo bom, objetivo e organizado dispensa este material", afirma Fernando Marucci, diretor da Asap para os segmentos de Indústria e Infraestrutura. Segundo ele, as cartas de recomendação tem um peso maior para o processo.
Mesmo assim, ele admite que cartas de apresentação diretas, ousadas e criativas podem, sim, ainda seduzir um recrutador. Para comprovar a tese, o diretor relata que, certa vez, recebeu uma carta de apresentação com a seguinte frase: "Se você procura um candidato super-homem, que nunca cometeu erros, passou a carreira toda sendo extremamente perfeccionista, não me chame para a sua entrevista". Na hora, Marucci convocou o candidato para as etapas de seleção presencial.
Fabiano Caxito, autor do livro "Não Deixo a Vida me Levar, A Vida Levo Eu!" (Editora Saraiva), dá mais importância para este documento. Segundo ele, a carta de apresentação fornece ao headhunter algumas pistas sobre o perfil profissional do candidato - fator decisivo para um processo de seleção. "Nem sempre é possível perceber isso na lista de cargos publicada no campo de experiência profissional do currículo", diz.
Por isso, não vale repetir de maneira compulsiva todas as informações do currículo ou esbanjar prolixidade. Confira na próxima página os componentes da fórmula para redigir uma carta de apresentação infalível.
1. Conte uma história
Saber se expressar bem é requisito básico para qualquer processo de seleção - independente da área de atuação. E a carta de apresentação é o primeiro espaço para você mostrar que tem essa competência. Nesse momento, clareza e organização viram palavras-chaves para todos os candidatos. E, segundo Caxito, uma pitada de informalidade é bem-vinda. "Esta é a hora de você conversar com o recrutador", diz o professor. A ideia, de acordo com Marucci, é contar sua história e objetivos profissionais. "A carta tem que ter começo, meio e fim", diz. A receita do diretor da Asap é simples: comece com a formação acadêmica, relate (de maneira objetiva) as principais experiências profissionais e explique o que espera para o futuro da sua carreira.
2. Acerte na gramática
Erros de português são excelentes razões para um recrutador encaminhar seu currículo, carta de apresentação ou portfólio para a geladeira de um processo seletivo - sem qualquer piedade. Por isso, muito cuidado. Utilize termos que tenham sentido, fique atento à concordância e à coesão. Não se esqueça de fugir das gírias.
3. Fuja do marketing pessoal vazio
Para muitas pessoas, escrever uma carta de apresentação é quase sinônimo de fazer uma lista de todos os adjetivos possíveis para elas mesmas. Mas, este não é o caminho. "Não precisa fingir ser o super-homem, pois todos cometem erros. O importante é mostrar como você se comportou nessas situações", diz Marucci, da Asap. A dica é contextualizar sua carta de apresentação com fatos. "Construa resultados e deixe-os falar por você", afirma o professor Caxito. Só não vale mencionar o contato que indicou seu nome para a vaga.
4. Vá direto ao ponto
Objetividade é outra palavra de ordem neste processo. "Os recrutadores não têm tempo para ficar lendo cartas muito extensas ou que apenas resumem o currículo", diz Marucci. Segundo o especialista, o texto não deve ultrapassar meia página. Então, seja direto e lembre-se de que os detalhes sobre suas competências ou passado profissional devem ficar guardados para a entrevista.
5. Pense fora da caixa
Para se destacar em qualquer fase de um processo seletivo, é preciso fugir do senso comum. E, nas cartas de apresentação, essa necessidade é ainda mais patente. "As pessoas sempre seguem os mesmos modelos", diz o diretor da Asap. Ganha pontos quem conseguir se livrar dessas formas pré-concebidas.
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