Dos alunos de nível médio que estudaram em escolas técnicas federais, 72% estão empregados. É o que diz uma recente pesquisa divulgada pelo Ministério da Educação (MEC). Desses, 65% trabalham em sua área de formação. Mas quando a disputa envolve alunos de cursos tecnológicos e alunos de cursos universitários, quem leva a melhor? O mercado recebe o tecnólogo da mesma maneira que recebe um bacharel? Entrevistamos o professor, mestre em Administração, assessor da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), Fabiano Caxito, para dar dicas à galera que está pronta para “arregaçar as mangas”. Confira.
Conexão Aluno (CA) - Por que os cursos tecnológicos atraem cada vez mais os jovens no Brasil?
Fabiano Caxito - Acho que houve uma explosão de procura depois de 2002, 2003. Antigamente, as pessoas eram um pouco mais velhas. Já estavam no mercado e não tinham como crescer no trabalho. E, principalmente, não tinham tempo nem condições de buscar um bacharelado, de maior duração.
Hoje, você percebe uma mudança na faixa etária dos alunos. Eles são mais jovens, saíram do ensino médio. Como a formação do curso tecnológico é mais técnica e específica, ele consegue uma boa colocação no mercado. Quer um exemplo?
Vamos usar o curso de Gestão de Administração, que é bastante procurado. Quando o aluno faz bacharelado, ele tem 80 horas de Administração, 80 horas de Marketing, Logística etc. A formação é generalista. Agora, quando ele faz um tecnológico, ele tem 160 horas sobre RH. Torna-se um especialista. Esse é o profissional que a empresa busca. Alguém que já possa atuar em uma área específica.
CA - Quais as vantagens e desvantagens em relação ao curso universitário?
Fabiano Caxito - A comparação tem que ser feita com cuidado porque o foco e o objetivo são diferentes do bacharelado. O bacharelado forma o profissional generalista. O curso tecnológico tem uma proposta de formação mais adequada ao mercado de trabalho, que proporciona colocação mais rápida, num cargo específico. O curso tecnológico não te dá a formação humana que o bacharelado oferece, como aquele bloco de competências de Antropologia, Sociologia etc.
O aluno tem que acertar na sua escolha. Senão, depois do curso ele tem que começar tudo de novo. Mas a grande verdade é que, independentemente disso, o aluno faz a diferença. Ele tem a capacidade de estudar sozinho, ler, se destacar. Ele pode ter feito um curso tecnológico e ter uma visão ampla das coisas.
CA - Os alunos dos cursos tecnológicos se destacam na disputa por uma vaga no mercado de trabalho?
Fabiano Caxito - Na pesquisa, percebemos um desconhecimento grande por parte do profissional de RH sobre o que é um curso tecnológico. Quando perguntamos o que eles conhecem, fazem confusão. Uns dizem que são cursos para o ensino médio, outros dizem que é um curso menor, resumido, quando na verdade não é isso. O profissional de RH não entende que o curso tecnológico tem a proposta de formar o profissional em uma área específica do conhecimento.
A pesquisa mostra que na hora de escolher o candidato, se o RH tem um tecnólogo com pouca ou nenhuma experiência, o bacharel será selecionado. Agora, se os dois profissionais têm experiência, essa diferença de aceitação cai bastante. Mas, se o tecnólogo tem experiência profissional e fez uma pós-graduação, o RH vai optar pelo profissional que tem o conhecimento da pós-graduação.
CA - E por que essa falta de conhecimento sobre o assunto?
Fabiano Caxito - O desconhecimento tem uma razão. Os cursos de bacharelado existem há mais de 40 anos. E os tecnológicos, nessa configuração atual, só foram criados em 1996. Eles começaram a ser oferecidos nas escolas por volta de 2000, 2001. E formaram alunos somente em 2004. Ou seja, são cursos muito novos. Os alunos que chegaram ao mercado são poucos, e ainda não podem ser usados como base de comparação. Tudo o que é desconhecido gera preconceito. Sobre um tema específico, o tecnólogo sabe mais que o bacharel.
CA - Com a novidade dos cursos tecnológicos, os professores tiveram que se adequar a esse novo perfil de alunos?
Fabiano Caxito - As instituições de ensino tiveram que reaprender. Temos que preparar o professor para dar aulas para um curso tecnológico. Ele vai conviver com alunos que têm experiência no mercado e deverá usar esse conhecimento do aluno para transferi-lo ao grupo. Aquela relação de poder entre aluno e professor deixa de existir.
CA - Quais os cursos mais procurados?
Fabiano Caxito - Depende da realidade na qual o aluno está inserido. Se você estiver em Pirassununga, no interior de São Paulo, a procura será pelo curso de Produção de Cachaça. Mas se você estiver em uma grande cidade, os cursos mais procurados são os de Gestão e Informática. Assim como cursos de Telecomunicações e Redes de Comunicação.
Até 2006, as instituições de ensino superior podiam oferecer o curso que quisessem. Um curso poderia ter até 30 denominações diferentes. Por isso, o MEC criou o catálogo de cursos superiores com 96 nomenclaturas. Clique aqui para conferir o catálogo.
CA - E aqueles que têm possibilidade de crescimento?
Fabiano Caxito - Os cursos de RH e Finanças são muito bem aceitos porque essas áreas sempre são bastante estruturadas nas empresas. Outra área que tem chamado a atenção pelo potencial de crescimento é a área de Logística. As empresas tem visto como um potencial a ser investido. E você não tem muitos profissionais formados nessa área.
CA - Que dica você deixaria para os alunos?
Fabiano Caxito - O que eu defendo junto aos alunos com os quais me relaciono é que é imprescindível para o tecnólogo fazer pós-graduação imediatamente ao final do curso. Enquanto o aluno faz um curso de bacharelado, o tecnólogo se forma e depois faz uma pós-graduação.
Você tem dois anos para se dedicar ao crescimento profissional. Use esses dois anos para crescer profissionalmente. Isso não vai mudar a sua vida, mas é o começo. Quando você entra na faculdade, cai na ilusão do boteco, do barzinho. Use o seu tempo para aprender!
E faça networking. Muitos alunos poderão ser gerentes de empresas, diretores. E eles se lembrarão de quem se destacou.
Conexão Aluno (CA) - Por que os cursos tecnológicos atraem cada vez mais os jovens no Brasil?
Fabiano Caxito - Acho que houve uma explosão de procura depois de 2002, 2003. Antigamente, as pessoas eram um pouco mais velhas. Já estavam no mercado e não tinham como crescer no trabalho. E, principalmente, não tinham tempo nem condições de buscar um bacharelado, de maior duração.
Hoje, você percebe uma mudança na faixa etária dos alunos. Eles são mais jovens, saíram do ensino médio. Como a formação do curso tecnológico é mais técnica e específica, ele consegue uma boa colocação no mercado. Quer um exemplo?
Vamos usar o curso de Gestão de Administração, que é bastante procurado. Quando o aluno faz bacharelado, ele tem 80 horas de Administração, 80 horas de Marketing, Logística etc. A formação é generalista. Agora, quando ele faz um tecnológico, ele tem 160 horas sobre RH. Torna-se um especialista. Esse é o profissional que a empresa busca. Alguém que já possa atuar em uma área específica.
CA - Quais as vantagens e desvantagens em relação ao curso universitário?
Fabiano Caxito - A comparação tem que ser feita com cuidado porque o foco e o objetivo são diferentes do bacharelado. O bacharelado forma o profissional generalista. O curso tecnológico tem uma proposta de formação mais adequada ao mercado de trabalho, que proporciona colocação mais rápida, num cargo específico. O curso tecnológico não te dá a formação humana que o bacharelado oferece, como aquele bloco de competências de Antropologia, Sociologia etc.
O aluno tem que acertar na sua escolha. Senão, depois do curso ele tem que começar tudo de novo. Mas a grande verdade é que, independentemente disso, o aluno faz a diferença. Ele tem a capacidade de estudar sozinho, ler, se destacar. Ele pode ter feito um curso tecnológico e ter uma visão ampla das coisas.
CA - Os alunos dos cursos tecnológicos se destacam na disputa por uma vaga no mercado de trabalho?
Fabiano Caxito - Na pesquisa, percebemos um desconhecimento grande por parte do profissional de RH sobre o que é um curso tecnológico. Quando perguntamos o que eles conhecem, fazem confusão. Uns dizem que são cursos para o ensino médio, outros dizem que é um curso menor, resumido, quando na verdade não é isso. O profissional de RH não entende que o curso tecnológico tem a proposta de formar o profissional em uma área específica do conhecimento.
A pesquisa mostra que na hora de escolher o candidato, se o RH tem um tecnólogo com pouca ou nenhuma experiência, o bacharel será selecionado. Agora, se os dois profissionais têm experiência, essa diferença de aceitação cai bastante. Mas, se o tecnólogo tem experiência profissional e fez uma pós-graduação, o RH vai optar pelo profissional que tem o conhecimento da pós-graduação.
CA - E por que essa falta de conhecimento sobre o assunto?
Fabiano Caxito - O desconhecimento tem uma razão. Os cursos de bacharelado existem há mais de 40 anos. E os tecnológicos, nessa configuração atual, só foram criados em 1996. Eles começaram a ser oferecidos nas escolas por volta de 2000, 2001. E formaram alunos somente em 2004. Ou seja, são cursos muito novos. Os alunos que chegaram ao mercado são poucos, e ainda não podem ser usados como base de comparação. Tudo o que é desconhecido gera preconceito. Sobre um tema específico, o tecnólogo sabe mais que o bacharel.
CA - Com a novidade dos cursos tecnológicos, os professores tiveram que se adequar a esse novo perfil de alunos?
Fabiano Caxito - As instituições de ensino tiveram que reaprender. Temos que preparar o professor para dar aulas para um curso tecnológico. Ele vai conviver com alunos que têm experiência no mercado e deverá usar esse conhecimento do aluno para transferi-lo ao grupo. Aquela relação de poder entre aluno e professor deixa de existir.
CA - Quais os cursos mais procurados?
Fabiano Caxito - Depende da realidade na qual o aluno está inserido. Se você estiver em Pirassununga, no interior de São Paulo, a procura será pelo curso de Produção de Cachaça. Mas se você estiver em uma grande cidade, os cursos mais procurados são os de Gestão e Informática. Assim como cursos de Telecomunicações e Redes de Comunicação.
Até 2006, as instituições de ensino superior podiam oferecer o curso que quisessem. Um curso poderia ter até 30 denominações diferentes. Por isso, o MEC criou o catálogo de cursos superiores com 96 nomenclaturas. Clique aqui para conferir o catálogo.
CA - E aqueles que têm possibilidade de crescimento?
Fabiano Caxito - Os cursos de RH e Finanças são muito bem aceitos porque essas áreas sempre são bastante estruturadas nas empresas. Outra área que tem chamado a atenção pelo potencial de crescimento é a área de Logística. As empresas tem visto como um potencial a ser investido. E você não tem muitos profissionais formados nessa área.
CA - Que dica você deixaria para os alunos?
Fabiano Caxito - O que eu defendo junto aos alunos com os quais me relaciono é que é imprescindível para o tecnólogo fazer pós-graduação imediatamente ao final do curso. Enquanto o aluno faz um curso de bacharelado, o tecnólogo se forma e depois faz uma pós-graduação.
Você tem dois anos para se dedicar ao crescimento profissional. Use esses dois anos para crescer profissionalmente. Isso não vai mudar a sua vida, mas é o começo. Quando você entra na faculdade, cai na ilusão do boteco, do barzinho. Use o seu tempo para aprender!
E faça networking. Muitos alunos poderão ser gerentes de empresas, diretores. E eles se lembrarão de quem se destacou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário