sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Vale a pena fazer um MBA?

A primeira pergunta que deve ser feita é mais abrangente: Estudar mais significa ganhar mais?

Os dados mostram que uma maior quantidade de anos de estudo normalmente propicia uma maior aceitação pelo mercado, além de uma melhor remuneração. O gráfico a seguir, desenvolvido com dados do Censo Demográfico do ano de 2000, responde à nossa pergunta: Vale a pena fazer uma pós-graduação! MUITO!

Salário Médio X Quantidade de Anos de Estudo (Em qtd de Salários Mínimos)

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

Se já existe um salto no nível salarial entre os indivíduos que possuem ensino médio e aqueles que possuem curso superior, aquele que possuem uma pós-graduação sobe mais um degrau. Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas em 2008 aponta que cada ano de estudo a mais aumenta 15,07% o salário do profissional.

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Fonte: FGV

Outro dado importante que pode ser retirado da pesquisa realizada pela FGV é que quanto maior a escolaridade, maior a chance de ocupação, ou seja, diminui o tempo em busca de um emprego.

E o que é MBA

No Brasil, se tornou comum nos últimos anos uma modalidade de curso denominada MBA, ou, no original em inglês, Master of Business Administration. Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos e na Europa, onde são cursos Stricto Sensu, os cursos de MBA brasileiros possuem natureza e nível equivalentes aos programas de Pós-graduação Lato Sensu.

O objetivo do MBA é proporcionar ao formando uma visão global do funcionamento de uma empresa, capacitando-o a dirigi-la, já que, além dos aspectos técnicos de cada área, a liderança também é desenvolvida.

O MBA, por natureza, é um curso com conteúdo generalista, onde o aluno adquire uma visão abrangente, e não especifica do ambiente dos negócios. Assim, seu currículo inclui disciplinas relacionadas à economia, finanças, marketing, administração estratégica, contabilidade gerencial e comportamento organizacional. Neste aspecto, o MBA difere dos outros programas de especialização Lato Sensu, que valoriza uma área especifica do contexto gerencial.

O bom MBA deve ter disciplinas relacionadas a métodos quantitativos, como matemática e tecnologia, especialmente para estudantes não familiarizados com esses assuntos, um bom conjunto de disciplinas eletivas, proporcionar um networking para os alunos, estimulando as atividades em grupo, contar com palestras freqüentes com altos executivos e profissionais de renome no mercado.

Porém, como os MBAs não são fiscalizados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), não há controle oficial sobre a qualidade e o conteúdo de cursos oferecidos com este nome no Brasil.

Ao lado de cursos reconhecidamente excelentes, existem muitos cursos são vendidos como MBA, mas que em nada diferem de um curso de especialização Lato Sensu.

Dois tipos de cursos são oferecidos no país sob o termo MBA. O primeiro deles, chamado normalmente de MBA executivo, segue o padrão da formação generalista original dos MBAs americanos. Normalmente dirigido a quem já está empregado e exerce cargo de chefia, o MBA executivo prepara o aluno para dirigir uma empresa, oferecendo uma visão de todos os aspectos de uma organização.

O segundo tipo de curso são os MBA específicos. Apesar de gerar muita discussão do ponto de vista acadêmico, este é o tipo de curso que mais cresce atualmente.

A discussão ocorre pois o aspecto principal e diferenciador do MBA é exatamente o caráter generalista. Se o curso é específico, trata-se de uma especialização. Apesar de toda a discussão, algumas excelentes instituições oferecem bons MBAs específicos, como os das áreas de finanças, RH e Marketing.

Normalmente mais caro e com mais horas-aula do que os cursos de especialização Lato Sensu, os MBA cresceram de forma tão acelerada nos últimos anos que, em algumas áreas do mercado de trabalho, como a financeira, deixaram de ser um diferencial para quem quer buscar uma boa colocação, passando a quase uma obrigação.

No ano de 2008, fiz uma pesquisa com recrutadores de 242 empresas de São Paulo, capital (123 nacionais, 92 multinacionais e 27 públicas), e que foi publicada em uma coluna do consultor Max Gehringer.

Do total dos recrutadores entrevistados, 66% afirmaram que o fato do candidato ter cursado uma pós-graduação é fundamental para a contratação. Considerando apenas esse grupo de recrutadores, 74,7% preferem o candidato que cursou um MBA e 25,3% não vêem diferença entre o MBA e a especialização.

Outra pergunta feita na pesquisa procurava levantar a importância do nome e do reconhecimento da instituição de ensino. 84,9% dos recrutadores afirmaram que escolhem os candidatos que cursaram instituições reconhecidamente excelentes.

A última pergunta procurou levantar o conhecimento dos recrutadores sobre as diferenças entre os cursos de MBA e especialização. 74,2% dos respondentes consideram que o MBA forma um profissional mais completo, apesar da grande maioria não saber explicar as diferenças entre os cursos.

A pesquisa mostra que, apesar do MEC não diferenciar os cursos de especialização e MBA, o mercado continua a valorizar a sigla. O investimento ainda vale a pena, mas é importante selecionar adequadamente a instituição.

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