quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Texto sobre sua marca pessoal

Recentemente proferi uma palestra sobre a importância de se construir uma marca pessoal na construção de uma carreira profissional. Essa semana, tive a oportunidade de ler o artigo abaixo, da Revista Você S/A, que vai ao encontro daquilo que falei durante a palestra. O texto é muito interessante e vale a pena ser lido na integra.
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MARCA CHAMADA VOCÊ
POR Alessandra Fontana
"Sou filho de pedreiro e até os 22 anos fui servente de pedreiro e morador de canteiro de obras. Houve uma ocasião em que pedi um emprego melhor ao dono de uma casa em construção em que eu trabalhava. Ganhei uma vaga de motorista na empresa onde ele era executivo. Como acabava ficando bastante tempo no escritório, me ofereci para ajudar o pessoal de informática e acabei transferido para essa área. Foi quando decidi voltar a estudar: aos 24 anos recomecei o 2o grau, com 27 entrei na faculdade e aos 32 estava fazendo pós-graduação na Fundação Getulio Vargas. Se algum consultor fosse questionado sobre meu futuro há 12 anos, diria que minhas chances eram praticamente nulas. Hoje, aos 34 anos, sou gerente de planejamento e controles de uma empresa de embalagens."
Gimenes Pereira da Silva, São Paulo
Esse depoimento foi dado por uma das mais de 200 pessoas que escreveram para a revista VOCE s.a entre os meses de dezembro de 2001 e fevereiro deste ano, interessadas em participar do projeto A Marca VOCE s.a. O objetivo era descobrir, entre os leitores, quem estava realmente colocando em prática a idéia de fazer a diferença e acrescentar valor ao mundo -- no trabalho, na comunidade ou na vida particular. O ex-pedreiro Gimenes da Silva é um caso emblemático de transformação e realização de potencial. Ele -- e a maioria das pessoas cujas histórias foram contadas no projeto A Marca VOCE s.a. -- personifica a idéia que Tom Peters defendeu no fim dos anos 90. Da mesma maneira como marcas registradas são tudo no mundo dos negócios, segundo Peters, chegamos a um ponto em que deixar uma impressão pessoal única é crucial também para as pessoas. "Independentemente de idade, cargo ou ramo de trabalho, todos precisamos compreender a importância de criar marcas registradas para nos destacar e prosperar", disse ele num artigo publicado no Brasil pela revista Exame, em 1997. A mensagem do guru era direta: na nova economia, ou nos tornamos os executivos de nossas próprias vidas, ou estaremos fadados ao fracasso.
Peters estava se referindo ao universo do trabalho em seu artigo, mas, no fim das contas, a idéia de imprimir uma marca particular no mundo é maior do que as dimensões da sua baia ou de seu escritório. "Fazer a diferença é usar sua originalidade em função de um bem maior", diz Gisela Kassoy, consultora de desenvolvimento humano. "Não é um termo que se aplica apenas às empresas e ao trabalho das pessoas dentro delas." Ou seja, quem se destaca, o faz porque usa suas capacidades com finalidades distintas. Os beneficiados podem estar entre as pessoas a seu redor e sua família, passando pela comunidade a que pertencem ou pela empresa onde trabalham e, em última instância, entre a humanidade. O americano Robert Levering, criador do Great Place to Work Institute (parceiro da revista Exame na realização do guia As 100 Melhores Empresas para Você Trabalhar), tem opinião semelhante: fazer a diferença é estar comprometido com algo maior do que você mesmo. "Mesmo quando aparentemente sua atitude afeta apenas sua própria vida...", diz Levering. "Pense bem, sua vida resume-se a você -- ou impacta outros?" O ex-pedreiro Gimenes provocou uma grande transformação em sua vida pessoal, é verdade. Mas o impacto dessa transformação não beneficiou apenas a ele ou a sua família. "Gimenes é uma das pessoas com mais potencial e disposição para enfrentar desafios que conheço", afirma Edson Santos, ex-chefe do executivo, que hoje trabalha como diretor financeiro da Redecard. "Tivemos dois grandes projetos durante os anos em que trabalhamos na mesma equipe. E ele abraçou ambos como se fossem uma causa pessoal." O envolvimento e a dedicação de Gimenes naquele trabalho acabaram resultando num convite para mudar de emprego e assumir novas responsabilidades. Foi Santos quem o indicou para o cargo de controller na Embalagens Flexíveis Diadema, empresa em que Gimenes trabalha atualmente.
Mas é preciso ter cuidado e diferenciar as pequenas interferências que causamos todos os dias na vida de muitas pessoas das atitudes realmente transformadoras. Dar bom-dia associado a um sorriso torna o ambiente a seu redor muito mais agradável, sem dúvida. Mas não é desses pequenos impactos que estamos falando. O que diferencia as grandes transformações das interferências rotineiras está exatamente na capacidade individual de se comprometer com algo maior, mais significativo. A questão é: estamos todos habilitados a realizar essa grande transformação? Ou esse é um diferencial de apenas alguns poucos? O médico e biólogo Eugenio Mussak defende uma teoria simples segundo a qual todo mundo pode realizar essas mudanças porque todos apresentam as ferramentas para tanto. "Somos munidos de capacidade de percepção, expressão e ação, mais ou menos aguçada", explica. "O que torna aqueles que fazem a diferença especiais é o vértice da ação. São pessoas capazes de perceber uma necessidade exterior a elas, refletir sobre aquilo e utilizar sua capacidade para agir sobre essa necessidade." Segundo ele, o mecanismo que impulsiona algumas pessoas a agir -- enquanto outras simplesmente percebem -- está no caráter. "Quem consegue promover grandes mudanças vê as coisas de uma óptica diferente: não enxerga impossibilidades nem obstáculos intransponíveis; vê oportunidades e desafios no lugar", ressalta o biólogo Mussak.
Aliás, capacidade de enfrentar desafios é uma das características que mais aparecem entre as histórias selecionadas no projeto A Marca VOCE s.a. Outra muito comum é a capacidade de sonhar. Quando questionado sobre o que o impulsionava a seguir adiante -- mesmo quando a casa onde morava em Vinhedo, no interior de São Paulo, foi destruída por um incêndio --, o ex-pedreiro Gimenes respondeu: "Eu sonhava em ter uma vida parecida com a das pessoas para quem trabalhava. Eu sabia que podia conseguir se batalhasse muito". Assumir riscos também parece ser uma característica intrínseca aos que estão dispostos a deixar sua marca. "Quem se destaca tem de estar preparado para não agradar a todo mundo", diz Gisela Kassoy. Por fim, comprometimento, interesse genuíno e paixão também são fundamentais. "Essas pessoas não são movidas pela recompensa financeira que pode vir no final. Quando ela acontece, é apenas resultado", sugere a psicóloga Ingrid Cañete. São pessoas, em sua maioria, capazes de identificar um potencial individual que pode ser empregado de forma a fazer a diferença. O cientista social e político Marcus Buckingham, autor do livro Discover your Strengths, da editora Free Press (ainda sem tradução no Brasil), aconselha: "Olhe para dentro de você e identifique seus pontos fortes. Reforce-os em vez de ficar obcecado com aquilo em que não é tão bom. Quando você conseguir fazer isso, será mais produtivo, mais bem-sucedido e realizado". Nas próximas páginas, você vai encontrar cinco histórias contadas por pessoas que acreditavam que, entre as pequenas interferências diárias, havia algo especial, da qual elas se orgulhavam. Inspire-se nesses personagens e seja capaz de enxergar o desafio, e não a dificuldade.
QUAL É SEU PONTO FORTE?
A tarefa de descobrir seus talentos não costuma ser fácil. Exige um grau de conhecimento de si mesmo que muita gente não tem.
As perguntas abaixo vão ajudá-lo a descobrir o que o torna uma pessoa realmente especial. Elas seguem a metodologia do consultor americano David Cooperrider. Responda às questões abaixo e compartilhe-as com
alguém. Não seja modesto nem arrogante, apenas escolha experiências positivas.
* Procure lembrar de um momento de sua vida em que sua atuação fez com que você se sentisse especial. Esse momento pode
ter acontecido no trabalho, numa atividade voluntária, junto a sua família etc. Como foi essa experiência? O que você aprendeu?
Baseado na resposta dada à pergunta anterior, o que você acredita que sejam suas qualidades e seus pontos fortes? (A pessoa que ouviu pode ajudá-lo)
Pense em outras três pessoas que o conhecem muito bem. Se fosse perguntado a elas quais são suas três maiores qualidade, o que elas diriam?
Agora, aproveite essas informações e procure onde essas qualidades que você identificou podem ser utilizadas -- assim, você também vai poder deixar sua marca.
Colaboraram Maria Tereza Gomes, Márcia Rocha, Mauro Silveira e Rodrigo Vieira da Cunha

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