sexta-feira, 18 de junho de 2010

Para o Alto e Avante!

Meu último livro, lançado em 2009 pela Ed. Saraiva, se chama “Não deixo a Vida me Levar. A vida, Levo Eu!”. Apesar de usar a música de Zeca Pagodinho como fonte de inspiração para o título, encontrei a mais perfeita tradução da mensagem que quero passar no livro nos minutos iniciais do filme de animação UP – ALTAS AVENTURAS, mais uma obra prima do Estúdio Pixar.
Ainda na mais tenra infância, Carl encontra seu verdadeiro amor: Ellie é uma garota divertida e sonhadora, que no dia em que se conhecem, o faz prometer que iriam conhecer juntos o Paraíso das Cachoeiras, lugar remoto, perdido nas selvas da América do Sul.
A primeira parte do filme mostra a evolução da vida casal. Em uma belíssima sequência de cenas, Carl e Ellie crescem juntos, se casam, reformam a casa abandonada na qual se conheceram, tentam juntar dinheiro para realizar seu sonho, enfrentam revezes e contratempos que sempre acabam com suas economias.

Alimentam o sonho de serem pais, para descobrir que nunca poderão ter filhos. E por meio do gesto singelo e simbólico de Ellie apertar a gravata de Carl todas as manhãs, vemos os anos se passarem até nos depararmos com um casal já idoso, mas ainda unido pelo amor da infância.
Ao perceber a idade avançada de ambos, Carl se lembra da promessa de infância e compra as passagens para que conheçam, enfim, o Paraíso das Cachoeiras. Só que, antes de poderem realizar o sonho, Ellie adoece e morre.
O que vemos então é um Carl que desiste de viver, e que se apega a casa como se esta fosse a própria Ellie. E a iminente destruição deste lar vai levar Carl a uma série de aventuras que trarão uma nova motivação a sua vida.
Descrito desta forma, o filme pode parecer triste, mas o enredo é tão belo que o filme foi o vencedor do Oscar de melhor animação, e conseguiu também a façanha de ser indicado para melhor filme no ano de 2009.
Quantos de nós não fazemos como Carl? Abandonamos nossos sonhos de infância, nossos desejos mais íntimos. Deixamos a vida nos levar, vivendo o cotidiano por vezes massacrante, desmotivador e repetitivo, que destrói cada um de nossos sonhos.
Aceitamos fazer sempre tudo igual, pelo medo de sair de nossa zona de conforto, do pequeno mundinho que construímos, que nos dá a impressão de conforto e segurança, mas que por outro lado nos oprime e desestimula.
E a cada ano que passa, mais esta zona de conforto nos aprisiona: o financiamento da casa, a compra do carro, a televisão nova, a escola dos filhos. E nossos sonhos vão se distanciando cada vez mais, como se não pertencessem mais a nós mesmos.
Carl esperou perder a coisa mais preciosa de sua vida, sua esposa Ellie, para resolver ir atrás de seu sonho. Mas mesmo velho e sozinho, conseguiu realizá-lo. E você? Vai esperar chegar até o fim da vida para ir até o Paraíso das Cachoeiras de seus sonhos?

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